O panteão das tradições antigas resultou na interação dos
dois princípios cósmicos universais: o masculino, representado pelo Pai Céu, e
o feminino, personificado pela Mãe Terra. O casamento sagrado desses dois polos
gerou formas energéticas secundárias, polarizadas pela influência das forças
telúricas, cósmicas, planetárias e dos fenômenos da Natureza.
Quando modeladas pela egrégora mental de um conjunto racial,
tribal ou grupal, essas energias se manifestam como arquetípicos divinos,
imbuídos de características e atributos específicos e com apresentações e nomes
que variam conforme o lugar de origem.
A existência e a sobrevivência dos arquétipos de determinado
panteão dependem da intensidade com que são cultuados e da duração desse culto.
Sem essa conexão e nutrição recíproca, as matrizes etéreas enfraquecem-se e
acabam desaparecendo com o passar do tempo.
Apesar de as divindades dependerem da egrégora humana, elas
não são mero fruto de nossa imaginação: são expressões reais de poderosos
campos energéticos e vórtices de energia cósmica. Elas existem em uma realidade
diferente do mundo tridimensional, chamada pelos xamãs de ''nagual'' ou
''realidade incomum'' (ou extra física), e tem o poder de existir e agir independentemente
da vontade humana.
Esses centros de energia cósmica, sutis e inteligentes,
denominados divindades (sejam elas Deuses, vibrações originais, Devas ou
Orixás), supervisionam o livre-arbítrio coletivo e auxiliam nas decisões
tomadas pelos indivíduos, dentro dos limites, valores e regras do ambiente ao
qual pertencem.
Isso significa que elas não interferem no livre-arbítrio,
nem agem contra os interesses do agrupamento humano que as ''criou'' e que
continua ''alimentando-as'' por meio de invocações, oferendas, cultos e
rituais.
Existe uma necessidade de intercâmbio energético permanente
entre a origem e o resultado da criação, entre o criador e a criatura.
Uma divindade deixará de existir apenas quando não tiver
mais nenhum ser humano que invoque sua presença ou acredite em sua existência.
Quando isso ocorrer, o campo energético por ela representado não se extingue no
espaço, mas se desloca ou volta a sua origem, podendo servir como substrato
para a criação de um novo arquétipo, em lugar ou tempo diferente.
Os Deuses e as Deusas não são arquétipos estáticos, eles
evoluem e se modificam de acordo com o progresso cultural e tecnológico e a
trajetória espiritual humana. As mudanças na percepção e interpretação de suas
manifestações e a compreensão expandida de seus atributos e funções levam á
readaptação dos mitos e a sua adaptação ás novas necessidades mentais,
psicológicas e sociais da comunidade a qual pertencem. São as projeções e as
formas mentais humanas que determinam a ''metamorfose'' das divindades, que
acompanham, de maneira simbiótica, o desenvolvimento de seu povo e o surgimento
de novos valores e hábitos comportamentais, morais e sociais.
Compreende-se, assim, o porquê das diferenças nos mitos de
um mesmo Deus ou Deusa e os variados nomes a eles atribuídos''.
Fonte : Texto de Mirella Faur
LUZ E HARMONIA
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