É gente de conteúdo interno que transcende a compreensão medíocre, simplória. É gente que tem idealismo na alma e no coração, que traz nos olhos a luz do amanhecer e a serenidade do ocaso. Tem os dois pés no chão da realidade. É gente que ri, chora, se emociona com uma simples carta, um telefonema, uma canção suave, um bom filme, um bom livro, um gesto de carinho, um abraço, um afago.
É gente que ama e curte saudades, gosta de amigos, cultiva flores, ama os animais. Admira paisagens. Poeira traz lembranças de chão curtido de sonhos passados. Escuta o som dos ventos. Dança a dança do mundo pelo simples prazer de dançar. É gente que tem tempo de sorrir bondade, semear perdão, repetir ternura, compartilhar vivências e dar espaço para as emoções dentro de si. Emoções que fluem naturalmente de dentro de seu ser!
É gente que gosta de fazer as coisas que gosta, sem fugir de compromissos difíceis e inadiáveis, por mais desgastante que sejam. Gente que semeia , colhe, orienta, se entende, aconselha, busca a verdade e quer sempre aprender, mesmo que seja de uma criança, de um pobre, de um analfabeto. É gente muito estranha as Bruxas.
Gente de coração desarmado, sem ódio e preconceitos baratos. Gente que fala com plantas e bichos.
Dança na chuva e alegra-se com o sol. cultuam a lua como deusa e lhe faz celebrações...
Eh!! Gente muito estranha essas Bruxas.
Falam de amor com os olhos iluminados como par de lua cheia. Gente que erra e reconhece, cai e se levanta, com a mesma energia das grandes marés, que vão e voltam em harmoniosa cadência natural.
Apanha e assimila os golpes, tirando lições dos erros e fazendo redentores suas lágrimas e sofrimentos.
Amam como missão sagrada e distribuem amor com a mesma serenidade que distribuem pão. Coragem é sinônimo de vida, seguem em busca dos seus sonhos, independente das agruras do caminho.
Essa gente vê o passado como referencial, o presente como luz e o futuro como meta. São estranhas essas Bruxas! Acreditam no poder do feminino, estão sempre fazendo da maternidade a sua maior magia e através da incessante luta pela paz chegam a divindade de existir pelo amor da Grande Mãe, a natureza.
Da mesma forma que produzem um belíssimo visual de elegância refinada com as raias da vaidade, se vestem como verdadeiras Bruxas medievais a caminho do patíbulo. Iluminam de beleza e jovialidade o corpo físico com habilidade mágica e com facilidade transformam-se, permitindo-se um sóbrio aspecto de velha senhora, a depender da lua nos seus espíritos...
Cultuam as sagradas tradições como forma de perpetuar as leis que regem o universo, passam de geração para geração a fonte renovadora da sabedoria milenar. São fortes e valentes, ao mesmo tempo humildes e serenas.
São leoas e gatinhas, são muito estranhas as Bruxas.
Com a mesma habilidade que manuseiam livros codificados, o fazem com panelas e vassouras...São aventureiras e criam raizes, dançam rock, valsa e polka, danças sagradas, e inventam o que precisa ser inventado. Criam e recriam. Contam contos e histórias de fadas, e carochinhas, contam suas próprias histórias...Falam de generosidade e de todas as díades em exercício constante, buscam a plenitude como propósito...Interessante essa gente, essas Bruxas.
Se obrigam tarefas, de evoluir, de amar, dividir...falam de desapego em plena metrópole, em meio as tecnologias. Cantam mantras e músicas populares, mas se emocionam com as folclóricas.
Mexem com ervas e chás, são primitivas e avançadas. Pulam da mesa do rei para um abrigo montanhês com o mesmo sorriso enigmático de prazer e sabedoria que iluminava a face das suas ancestrais. Degustam um pão artesanal, uma receita medieval da velha senhora das montanhas com a mesma gula que o fazem em um banquete cinco estrelas, com pães utra sofisticados daquela celebridade da cozinha francesa. Amam em esteiras e em grandes suites, desde que estejam felizes, pois ser feliz é sempre a única condição dessa gente estranha.
É gente que compra briga pela criança abandonada, pelo velho carente, pelo homem miserável, pela falta de respeito humano...é gente que fica horas olhando as estrelas, tentando decifrar seus mistérios, e sempre conseguem.
Gente que lê em fundos de xícaras, em bolas de cristal, tarot, com pedras, na areia, nas nuvens, no fogo, no copo d'áqgua...são muito estranhas! Oram pra elementais, anjos e gnomos. Falam com intimidade com os deuses e lhes chamam para um círculo, fazem fogueiras e dançam em volta...viajam de avião, a pé, de carro e em lombos de animais, agradecendo pelas oportunidades que a vida lhes dá...aliás, essa gente estranha agradece por tudo, até pela dor, que chamam de mãe, pois acreditam que é a forma mais rápida para a evolução...se reunem em escolas iniciáticas que chamam de coven, para mutuamente se bastarem, se protegerem, se resguardarem, resgatar valores, estudar, muito estranhas são as Bruxas.
Mas estranha mesmo é a fé que as mantém vivificadas ao longo de cinco mil anos.
Que seja abençoada toda essa gente estranha...e desconfio que é esse tipo de gente que a Grande Mãe precisa para o terceiro milênio.
Senhora Telucana
LUZ E HARMONIA
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